quarta-feira, setembro 19, 2012

Restos do Carnaval (Clarice Lispector)





    Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.




(Clarice Lispector)

Há Momentos


"Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre. "

Clarice Lispector





Salve o Ártico! (Save The Artic)






     Venha conosco para o polo Norte. Quando chegarmos a 2 milhões de assinaturas, vamos colocar o seu nome em um pergaminho por um futuro melhor no topo do mundo, no fundo do oceano.



O fotográfo Steven Kazlowski recentemente tirou uma série de fotos no Alasca de um urso tentando se equilibrar nas patas traseiras.
Mais tarde, ele descobriu que colocando as fotos lado a lado, se criava a impressão de que o urso estava dançando. Muito fofo né? *---*
Participe dessa campanha e assine a petição em: www.salveoartico.org.br.



Vamos fazer nossa parte, afinal o planeta é nosso, e temos que cuidar muito bem dele, e de quem nele vive! =D


...


segunda-feira, abril 02, 2012

Contos de Árian - O Lobo de Gaia (Resenha)

"Esse foi, sem duvidas, um dos melhores livros que li."
A história me prendeu a atenção, me fez ter fome incontrolável de lê-lo, devorei-o com prazer, e depois de me fartar, ainda fiquei querendo mais.


  Esse é o segundo livro da série Contos de Árian., de Daniel R. Salgado.
 É a historia de um guerreiro celta, um gaério chamado Kael, que enfrenta incansável e corajosamente batalhas com o intuito de proteger sua filha Rihane, que ainda tão jovem, recebeu a responsabilidade de  ser imperatriz de um reino (digamos que, mágico).
  Entre as batalhas podem ser vistos, Vikings, Celtas, Amazonas, um lobo, e os lideres dos principais reinos de "Árian". A estoria é muito rica em detalhes, onde podemos "quase ver" os personagens, num misto de adrenalina, coragem, e receio pelo que há de vir, podemos ser heróis, guerreiros, reis e rainhas, deuses... e pra quem curte RPG (como eu ^^) pode apostar, que vale a pena, eu indico. Mal  posso esperar pelo próximo livro da série =D


(Obs: Fico devendo a resenha do primeiro da série, "Contos de Árian - O Caçador de Gigantes", logo posto sobre ele)


Até a pròxima! 









domingo, janeiro 15, 2012

A Lua Azul

  O termo "lua azul" refere-se a segunda lua cheia
que ocorre num mesmo mêsA freqüência de acontecimento,
é de 1 vez a cada 2 anos ou 3 anos.
 As últimas luas azuis ocorreram nas datas de 31 de Maio de 2007
e 31 de Dezembro de 2009.
 A próxima lua azul ocorrerá em agosto de 2012
e as seguintes em Julho de 2015, Janeiro e Março de 2018, Outubro de 2020,
Agosto de 2023, Maio de 2026, Dezembro de 2028...(E assim por diante)

  O fato se dá devido ao ciclo lunar de 29.5 dias,
o que torna perfeitamente possível que em um mesmo mês
sua fase se apresente cheia por duas vezes.
 Sendo fevereiro o único mês impossível de se ter a Lua Azul,
mesmo em anos bissextos.

  Em média a cada 35 anos, o mês de Fevereiro não tem lua cheia
assim nesses anos, ocorrem duas luas azuis, uma no final
de Janeiro e outra no começo de Março.  E segundo a astrologia,
essa coincidência só ocorrerá novamente na Terra no ano de 2018.


Zona do Tempo


  A Lua Cheia acontece simultaneamente para todos os países,
mas nem o horário nem a data são iguais.
 Por exemplo: uma noite do dia 31 de agosto na Europa
já é manhã do dia 1 de setembro na Nova Zelândia.
  Então se acontecesse uma Lua Azul no dia 31 de agosto
para um país na Europa , não seria Lua Azul no dia primeiro
na Nova Zelândia, que iria ocorrer no final do mês de
setembro.

 Porque "Lua Azul"? (Como Surgiu o Nome)


De acordo com historiadores o nome "lua azul" foi criado no
século VXI, devido ao fato de algumas pessoas terem avistado
a lua num tom azulado, outras no entando, a perceberam cinza.
 Houveram muitas discussões, até concluir-se que era impossível
a lua ser azul.  Esse fato criou uma
espécie de expressão linguística, e "lua azul" tornou-se sinônimo de algo difícil,
ou etá mesmo impossível.
 O termo ganhou força principalmente nos EUA e algumas frases como
"só me caso com você se a lua estiver azul" foram rapidamente popularizadas.


 E como duas luas cheias num mesmo mês, é algo raro, o termo designou-se a
o fato do mesmo.

 A primeira menção a lua azul, foi escrita num panfleto na lingua
inglesa que dizia: "If they say the moon is blue, we must believe that it is true".
Algo como "Se eles dizem que a lua é azul, nós devemos acreditar que isso é real".


Historicamente, a lua azul era a terceira lua cheia que acontecia num quarto de
ano em que houvesse quatro luas cheias.
Normalmente, um quarto do ano tem 3 Luas Cheias.
Sendo esses quartos de ano iniciados entre os dias 20 e 21 ou 21 e 22
de março (devido aos anos bissextos) coincidentes com a data
do equinócio.

Um erro de publicação numa época mais recente (1946)
fez entender que a lua azul seria a segunda lua cheia
que acontecesse num mesmo mês.
Mesmo depois de descoberto o erro, como é mais fácil
de se entender essa definição do que a outra,
mais complicada, ficou popularizada a segunda teoria.

A coloração


Existem alguns registros raros onde a coloração do nosso satélite foi realmente alterada.
 Um desses registros remonta aos anos de 1883,
quando uma violenta erupção no vulcão Krakatoa, na Ilha de Java,
Indonésia, lançou ao espaço milhões de toneladas de gases e
poeira, fazendo com que a Lua, quando observada próxima ao horizonte,
fosse vista em tons azulados. De acordo com os relatos,
isso durou aproximadamente dois anos e foi testemunhado em todo o planeta.

Em 1951, um grande incêndio nas florestas canadenses produziu o mesmo
efeito que o Krakatoa, mas só pôde ser observado na América do Norte.






A LUA AZUL NO ESOTERISMO

Lua Azul é a segunda lua cheia dentro de um mesmo mês. É um fenômeno raro (ocorre a cada 2 anos e sete meses- apenas 36 vezes em um século-) e os ocultistas a consideram uma lua de poder aumentado.

É considerada uma lua de prosperidade e os pedidos podem ser feitos de acordo com o signo do zodíaco onde ela cai. É um momento forte para entrar em contato com a Deusa, a responsável pela criação do universo.

Tem um halo azul em torno de si, se observada em telescópios e aumenta os dons psíquicos. Aguça os poderes de visão, deve-se prestar atenção aos insights e premonições.

De acordo com a tradição celta, na lua azul o véu entre os 2 mundos (matéria e espírito) está mais fino, permitindo contato, como no Samhain.

Exatamente por sua força, essa é uma lua de cautela, onde devemos buscar a maturidade emocional para não termos nossas emoções exacerbadas, levando a atitudes irracionais e sem-sentido.

De acordo com a tradição mágica, os pedidos feitos durante a lua azul são atendidos em tempo recorde.





Fontes: http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2009/29dec_bluemoon/
        Wikipédia.  
        http://www.astrologianaweb.com.br/poder_lua.php











quinta-feira, janeiro 12, 2012

Contos De Árian - O Lobo De Gaia

Olá...




Comprei esse livro, esses dias, e chegou hoje... ainda não o li, mas, logo logo postarei a resenha.


Enquanto isso, deixo aqui a sinopse:






  O Lobo de Gaia é o segundo livro dos "Contos de Árian", onde o autor retorna ao mundo mítico habitado por heróis, magos e deuses, semideuses e seres das mitologias grega, celta, nórdica e egípcia e à trama iniciada em O Caçador de Gigantes. É neste universo de terras misteriosas e reinos distantes que vivem Nalissa, a rainha do maior reino do ocidente e fervorosa devota da deusa Hera, e Kael, um guerreiro celta, que em meio a batalhas e perigos, agora precisa aprender a ser pai.




*--*





Au Revoir!

Até o próximo post!


O Jardim Secreto (The Secret Gardem)

Olá...

Escolhi esse filme, para postar, por que toda vez que o assisto, me vem à lembrança meus 7 anos de idade, é como se eu voltasse ao passado, e esquecesse todos os problemas, preocupações. O filme é lindo, recomendo!




Sinopse


No início do século XX, Mary Lennox (Kate Maberly) vivia na Índia com seus pais, que não lhe davam muita atenção. Porém um estouro de elefantes os mata e, seis meses depois, Mary desembarca em Liverpool, na Inglaterra, para viver com Lorde Archibald Craven (John Lynch), seu tio, na mansão Misselthwaite, uma construção feita de pedra, madeira e metal na qual existem segredos e antigas feridas. Mary estava assustada naquele solar com várias dezenas de quartos e era incrivelmente mimada, pois lhe desagradava a idéia de vestir suas roupas, já que na Índia isto era tarefa de suas aias. A mansão é administrada pela Sra. Medlock (Maggie Smith), uma rigorosa e fria governanta. Lorde Craven perdeu a mulher há dez anos e nunca mais conseguiu superar a tragédia. Para piorar Colin Craven (Heydon Prowse), seu filho, também sofre de extrema apatia, sempre recolhido no seu quarto. Mais uma vez negligenciada, Mary passa a explorar a propriedade e descobre um jardim abandonado. Entusiasmada com a descoberta, Mary decide restaurar o lugar com a ajuda do filho de um dos serviçais da casa, conquistando assim a atenção do primo doente. Juntos eles desafiam as regras da casa e o velho jardim se transforma em um lugar mágico, cheio de flores, surpresas e alegria. O jardim secreto é um lugar fantástico onde não existe tristeza e arrependimento, um lugar onde a força da amizade pode trazer de volta a beleza da vida.

Agora Estou Sozinha - Pedro Bandeira

Olá...






Sinopse - Agora Estou Sozinha - Pedro Bandeira

Dividida entre a vingança e a paixão, Telmah quase chegou à loucura...
A paixão de Telmah por Tiago não poderia realizar-se. Antes, ela precisava vingar um assassinato. Era isto que o